Apreciar o efémero: valorizar o presente para promover a gratidão

Uma das técnicas mais poderosas, embora contraintuitivas, para aumentar a felicidade e a gratidão é tomar consciência da natureza efémera das experiências positivas.

A nossa tendência natural é agarrar-nos às coisas boas e desejar que durem para sempre.

No entanto, a investigação sugere que fazer o contrário — reconhecer conscientemente que um momento agradável tem um fim — pode, paradoxalmente, intensificar a nossa apreciação por ele no presente.

Em vez de dar como certa uma experiência, a consciência da sua fugacidade leva-nos a saboreá-la mais profundamente e a extrair dela uma maior gratidão.

É uma mudança de mentalidade que usa a realidade da impermanência não como uma fonte de tristeza, mas como um catalisador para uma apreciação mais intensa do aqui e agora.

O Estudo dos Universitários: Uma Demonstração Prática

Este conceito foi testado num estudo fascinante com estudantes universitários que estavam a poucas semanas de se formarem.

A formatura é um momento agridoce, cheio de celebração, mas também de tristeza por deixar para trás amigos e uma etapa da vida.

Os investigadores dividiram os estudantes em dois grupos: a um foi pedido que escrevesse sobre quanto tempo lhes restava na universidade, enquanto ao outro foi pedido que refletisse sobre a rapidez com que essas últimas semanas passariam.

Os resultados foram claros: os estudantes que se concentraram na iminência do fim relataram ser mais felizes e estavam mais motivados para aproveitar ao máximo o tempo que lhes restava, participando em mais atividades.

Fingir que as coisas boas duram para sempre não ajuda; é a consciência da sua brevidade que nos leva a valorizá-las verdadeiramente.

A Psicologia da Escassez e da Apreciação

O mecanismo psicológico subjacente a este fenómeno é o princípio da escassez. Valorizamos mais aquilo que é limitado ou que está prestes a desaparecer.

Quando percebemos uma experiência positiva como finita, a nossa atenção se agudiza. Deixamos de a dar como certa e mergulhamos mais plenamente nela.

Reconhecer que «isso não vai durar para sempre» ativa uma mentalidade de «agora ou nunca» que nos motiva a estar mais presentes e a aproveitar cada gota de alegria do momento.

Esta técnica combate diretamente a adaptação hedónica, a tendência de nos habituarmos às coisas boas até que deixem de nos dar prazer.

Ao lembrarmo-nos da natureza transitória de uma experiência, evitamos que ela se torne mundana e mantemos viva a chama da apreciação.

Como aplicar esta técnica na sua vida diária

Pode aplicar esta estratégia em qualquer momento da sua vida.

Quando estiver a desfrutar de umas férias maravilhosas, pare um momento para pensar: «Que sorte tenho por estar aqui, porque daqui a alguns dias isto terá acabado».

Quando estiver a passar um momento agradável com um ente querido, pode pensar: «Este momento é único e precioso, e não se repetirá exatamente da mesma forma».

Não se trata de adotar uma perspetiva mórbida ou pessimista, mas de usar a realidade da impermanência para cultivar um sentimento mais profundo e urg