Transcrição O perigo de se comparar com os outros
O jogo impossível de ganhar: a comparação como fonte de insatisfação
A comparação social é um instinto humano profundamente enraizado.
De uma perspectiva evolutiva, avaliar a nossa posição em relação à dos outros ajudava-nos a determinar o nosso estatuto e as nossas possibilidades de sobrevivência dentro do grupo.
No entanto, no mundo moderno, esse instinto tornou-se uma das fontes mais confiáveis de infelicidade.
O ato de nos compararmos com os outros é um jogo quase impossível de ganhar.
Haverá sempre alguém que parece ter mais sucesso, mais dinheiro, uma aparência melhor ou uma vida mais emocionante.
Quando nos comparamos, inevitavelmente nos concentramos naquilo em que ficamos a perder, o que gera sentimentos de inveja, insuficiência e frustração.
É, como foi descrito, um «caminho para lugar nenhum», uma atividade que raramente produz um resultado positivo e que quase sempre nos rouba a alegria e a gratidão pela nossa própria vida.
O foco na carência: como a comparação distorce a realidade
O principal problema da comparação é que ela desvia nosso foco da abundância para a carência.
Em vez de apreciar o que temos, ficamos obcecados com o que nos falta em relação a outra pessoa.
Um exemplo poderoso ilustra este ponto: um homem que vive numa casa maravilhosa de cinco milhões de libras não consegue ser feliz porque se compara constantemente com o seu irmão, cuja casa vale vinte milhões.
Apesar do seu enorme privilégio, o seu quadro de referência condena-o a sentir-se inferior.
Ele poderia optar por se comparar com a grande maioria da população e sentir-se imensamente afortunado, mas o seu instinto leva-o a olhar para cima, para o que não tem.
Este mecanismo psicológico demonstra que a nossa felicidade não depende tanto das nossas circunstâncias objetivas, mas sim do padrão com que as medimos.
A comparação constante condena-nos a viver num estado perpétuo de insatisfação, uma vez que a linha de chegada está sempre a afastar-se.
A armadilha das redes sociais: comparando o nosso interior com o exterior alheio
Se a comparação social sempre foi um problema, as redes sociais amplificaram-na até transformá-la numa epidemia de insatisfação.
Plataformas como o Instagram ou o Facebook expõem-nos a um fluxo interminável das vidas aparentemente perfeitas dos outros.
No entanto, o que vemos não é a realidade, mas uma versão cuidadosamente editada e curada: um carretel dos melhores momentos.
Caímos na armadilha de comparar o nosso «interior real», com todas as nossas dúvidas, inseguranças e dias maus, com o «exterior perfeito» dos outros.
Esta é uma comparação fundamentalmente injusta e desonesta que inevitavelmente nos fará sentir que a nossa vida não está à altura.
As redes sociais apresentam-nos uma versão idealizada da realidade que alimenta o nosso instinto de comparação da forma mais tóxica possível, tornando-se um motor de ansiedade e baixa autoestima para muitas pessoas.
A solução: mudar o foco da comparação para dentro
O antídoto contra o veneno da comparação social é uma mudança deliberada de foco.
A primeira e mais importante estratégia é cultivar a gratidão e concentrar-nos no nosso próprio mundo.
Consiste em apreciar ativamente o que já temos e o que alcançámos, em vez de olhar constantemente para os lados.
Trata-se de ser feliz com a nossa própria vida, sem que o seu valor dependa de como ela é medida em relação à dos outros.
A segunda estratégi
o perigo de se comparar com os outros