Transcrição A relação entre dinheiro e felicidade: mito ou realidade?
A crença popular e a verdade parcial
A ideia de que o dinheiro compra a felicidade é um dos mitos mais arraigados na nossa cultura.
Convencemo-nos de que um aumento de salário, um carro mais caro ou uma casa maior são a chave para alcançar um estado de satisfação duradoura.
É inegável que existe uma verdade parcial nessa crença.
A investigação tem demonstrado consistentemente que as pessoas que vivem em extrema pobreza tendem a ser menos felizes do que aquelas com uma situação económica estável.
A nível nacional, os países mais ricos tendem a ter índices de satisfação com a vida mais elevados do que os países mais pobres.
O dinheiro, até certo ponto, é um fator importante porque elimina fontes significativas de stress e preocupação, como a insegurança alimentar ou a falta de um teto.
Ele fornece os recursos necessários para se viver uma vida digna e confortável. No entanto, o erro fundamental é extrapolar essa lógica e assumir que uma quantidade infinita de dinheiro trará uma quantidade infinita de felicidade.
A realidade, como demonstra a ciência, é muito mais complexa e matizada.
O teto de vidro do dinheiro: quando mais não é melhor
A relação entre rendimento e bem-estar não é uma linha reta ascendente, mas uma curva que se achata.
Vários estudos identificaram um «teto de vidro» ou um ponto de saturação, um nível de rendimento a partir do qual o dinheiro adicional tem um impacto cada vez menor, ou mesmo nulo, na felicidade diária.
Embora os números exatos possam variar, a conclusão é a mesma: uma vez que as nossas necessidades básicas estão cobertas e desfrutamos de um nível de vida razoavelmente confortável, ganhar mais dinheiro não nos torna significativamente mais felizes.
As pessoas caem na armadilha de pensar: "Se eu pudesse duplicar a minha renda, seria feliz", mas aqueles que já ganham essa quantia muitas vezes sentem o mesmo sobre duplicar a sua própria.
Este fenómeno sugere que o problema não é a quantidade de dinheiro, mas a nossa perceção do que precisamos para ser felizes, uma meta que parece estar sempre fora do nosso alcance.
O alto custo oculto da busca pela riqueza
Um aspeto crucial que muitas vezes é ignorado na equação dinheiro-felicidade é o preço que se paga para ganhar esse dinheiro extra.
Os empregos altamente remunerados geralmente vêm acompanhados de longas jornadas de trabalho, altos níveis de stress e uma enorme responsabilidade.
O tempo e a energia mental investidos na busca pela riqueza muitas vezes são subtraídos de outras áreas da vida que são fontes muito mais poderosas de felicidade, como relacionamentos com a família e amigos, passatempos ou descanso.
No final, o pequeno aumento de prazer que um objeto de luxo pode proporcionar é completamente ofuscado pela diminuição do bem-estar causada pelo stress e pela falta de tempo livre.
Em muitos casos, a busca incessante por mais dinheiro leva a uma perda líquida de felicidade, pois o custo do sacrifício supera em muito o benefício da recompensa material.
A armadilha da adaptação e a percepção errada
Por fim, dois fatores psicológicos explicam por que o dinheiro é uma fonte tão ineficaz de felicidade a longo prazo.
O primeiro é a adaptação hedónica, também conhecida como «esteira hedónica». A gente se acostuma incrivelmente rápido às nossas novas circunstâncias.
O carro novo é emocionante durante algumas semanas, mas rapidamente se torna simplesmente «o carro».
O aumento salarial traz uma alegria inicial, mas rapidamente se torna o novo padrão.
O segundo fator é a nossa percepção errada. Es
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