Ciclo [medo do medo] na perturbação de pânico

A Perturbação de Pânico não se define apenas pela presença de ataques de pânico, mas sobretudo pelo desenvolvimento de um "medo do medo".

Trata-se de um ciclo cognitivo e emocional em que a pessoa começa a recear a possibilidade de sofrer futuros ataques, o que paradoxalmente aumenta a sua vulnerabilidade e mantém a perturbação.

A experiência aversiva do primeiro ataque

O primeiro ataque de pânico ocorre geralmente de forma inesperada e é uma experiência assustadora.

Devido a intensidade dos sintomas físicos (palpitações, asfixia, tonturas), a pessoa acredita frequentemente que está a sofrer um evento médico catastrófico, como um ataque cardíaco, ou que está a perder o controlo ou a enlouquecer.

A interpretação catastrófica das sensações

Após esta primeira experiência, a pessoa começa a desenvolver uma hipersensibilidade as suas próprias sensações corporais.

Qualquer alteração fisiológica normal (como um ligeiro aumento do ritmo cardíaco ao subir escadas) pode ser mal interpretada como o início de um novo ataque de pânico.

Esta interpretação catastrófica de sensações internas inofensivas é uma componente central do ciclo.

Ansiedade antecipatória e comportamentos de evitamento

A interpretação catastrófica gera ansiedade antecipatória, ou seja, um medo constante de que ocorra outro ataque.

A pessoa começa a temer os seus próprios sentimentos e situações em que pensa que pode ter um ataque ou em que seria difícil escapar ou obter ajuda.

Isto leva a comportamentos de evitamento (deixar de ir a certos locais, evitar actividades) e de segurança (tomar sempre medicação, estar acompanhado), que, embora aliviem a ansiedade a curto prazo, impedem a pessoa de desconfirmar os seus medos e de aprender a gerir as sensações.

O círculo vicioso

O ciclo perpetua-se da seguinte forma:

• É percepcionada uma sensação física (interna ou externa).

• Este sentimento é interpretado de forma catastrófica ("Isto é perigoso!", "Vou ter um ataque!").

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