Transcrição Pilares da Mudança Organizacional
Clareza, transparência e responsabilidade
Para que a igualdade de género deixe de ser uma aspiração retórica e se torne uma realidade operacional, a liderança deve adotar uma abordagem sistémica.
De acordo com o quadro teórico desenvolvido pela especialista Iris Bohnet, existem três fatores críticos para reduzir o preconceito e a discriminação nas organizações: clareza, transparência e responsabilidade.
Em primeiro lugar, a clareza implica definir o objetivo das iniciativas sem ambiguidades.
Não basta dizer «queremos ser inclusivos»; o líder deve articular o que isso significa em termos de métricas, retenção e avanço do talento feminino, comunicando-o aos funcionários e acionistas.
Segundo, a transparência total é o antídoto contra a opacidade onde se escondem os preconceitos.
Isso significa tornar os processos visíveis: mostrar o que está a ser feito, como as decisões de promoção são tomadas e publicar o progresso real, mesmo que modesto.
Terceiro, a responsabilidade (accountability): os líderes devem prestar contas pelos objetivos de diversidade com o mesmo rigor com que prestam contas pelos objetivos financeiros.
Se não for medido e não houver consequências pelo incumprimento, o compromisso dilui-se. O líder deve dar o exemplo.
Se um CEO fala de igualdade, mas as suas prioridades diárias ignoram o tema, a organização detectará a incoerência e se desconectará.
Além disso, o ambiente físico e digital deve ser auditado: as imagens no site ou nos corredores da sede corporativa mostram apenas homens brancos? Atrair talentos diversos requer que a empresa se mostre diversa em suas representações visuais e educacionais.
Tolerância zero e equidade salarial
A liderança transformacional requer coragem para estabelecer limites inegociáveis.
O primeiro é uma política de tolerância zero ao assédio sexual. Com demasiada frequência, os gestores delegam isso aos Recursos Humanos e desconhecem os protocolos.
O líder deve ser ousado, conhecer as políticas e oferecer apoio pessoal e imediato se uma colega denunciar uma agressão, enviando uma mensagem clara de apoio às vítimas e de advertência aos agressores.
O segundo limite é a justiça económica. A equidade manifesta-se de forma mais tangível na folha de pagamento.
As melhores práticas incluem a realização de auditorias salariais periódicas para detetar e corrigir disparidades injustificadas.
Da mesma forma, a transparência deve ser aplicada desde a contratação: estabelecer critérios salariais claros e publicar faixas salariais nas ofertas de emprego ("salário negociável" deve ser explícito) evita que as mulheres, que muitas vezes são penalizadas socialmente por negociar agressivamente, fiquem em desvantagem desde o primeiro dia.
Por fim, a conceção do trabalho deve reconhecer a vida fora do escritório.
Dado que as mulheres tendem a assumir a carga dos cuidados, as estruturas flexíveis (teletrabalho, horários ajustáveis por emergências familiares) não
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