Mentoria vs. Patrocínio

Distinção conceitual e necessidade estratégica

Para exercer uma liderança inclusiva de alto impacto, é imperativo distinguir entre duas funções que muitas vezes são confundidas: o mentor e o patrocinador.

Enquanto a mentoria se concentra em dar conselhos, orientação e partilhar sabedoria ("falar com a pessoa"), o patrocínio implica usar o próprio capital político para defender alguém ("falar da pessoa") quando esta não está presente na sala de tomada de decisões.

Em indústrias dominadas por homens, as mulheres tendem a ser "supermentoradas", mas "subpatrocinadas", carecendo dessa figura de poder que arrisque a sua reputação para impulsioná-las. O líder inclusivo atua como um promotor ativo do talento.

Não se limita a ser um bom colega; garante que as candidatas competentes sejam consideradas para vagas críticas, aumenta a sua visibilidade perante a alta administração e desafia abertamente os estereótipos que poderiam impedir a sua ascensão.

Embora muitas organizações exijam formalmente que os seus gestores patrocinem talentos de alto potencial, a realidade mostra que menos de 20% realmente desempenham esse papel de forma eficaz.

O patrocínio não é um ato de altruísmo ou «caridade» para com as mulheres; é uma estratégia de inteligência empresarial para garantir que a organização não desperdice talentos valiosos por falta de exposição.

Diversificação da carteira de talentos

Existe uma tendência natural e tendenciosa no patrocínio: os homens tendem a patrocinar desproporcionalmente outros homens, perpetuando o status quo por meio da afinidade (o fenômeno do "mini-eu").

Antes de se considerar um aliado, um líder deve auditar o seu comportamento com uma pergunta honesta: estou a patrocinar alguém? E se a resposta for sim, essa pessoa é um reflexo de mim mesmo?

Se o protegido partilha o mesmo género, origem e estilo, o líder não está a diversificar a futura liderança da empresa.

A regra de ouro para quebrar esse ciclo é a reciprocidade equitativa: para cada porta que um líder abre para um homem, ele deve se comprometer a dar acesso equivalente a uma mulher com potencial.

Isso requer criatividade e proatividade para identificar mulheres talentosas que talvez não estejam no círculo imediato ou que não tenham pedido ajuda explicitamente.

Ao diversificar quem apoiamos, não só promovemos a justiça, como enriquecemos a tomada de decisões organizacionais com perspetiva