Transcrição Prevenção do bullying ou assédio escolar
A prevenção como um projeto do centro (abordagem sistémica)
A prevenção do assédio escolar falha quando é tratada como um workshop isolado ou uma palestra de um dia.
A prevenção eficaz deve ser um projeto integral e sistémico que envolva toda a comunidade educativa (professores, alunos, famílias e pessoal não docente) e que esteja integrado no ADN da escola.
Isto é conhecido como «abordagem de escola inteira» (whole-school approach).
Isto implica, em primeiro lugar, um diagnóstico claro: a escola deve saber (através de inquéritos anónimos) qual é a incidência real do bullying nas suas salas de aula.
Em segundo lugar, deve haver um comité de convivência e um protocolo claro, conhecido por todos.
Em terceiro lugar, a prevenção deve estar no currículo: devem ser realizadas tutorias e atividades regulares sobre empatia, habilidades sociais, assertividade e gestão emocional desde os primeiros anos.
Por fim, a supervisão dos adultos em espaços não estruturados (pátios, corredores, casas de banho) deve ser ativa e constante.
Formação e capacitação dos observadores
O eixo central dos programas de prevenção mais bem-sucedidos (como o Método KiVa) é o trabalho com os observadores.
Como o assédio é um fenómeno grupal, a forma mais eficaz de detê-lo é mudar a dinâmica do grupo.
O objetivo é passar de uma maioria passiva (que consente com o seu silêncio) para uma maioria ativa de defensores. Isto é conseguido através de formação específica.
Os alunos são ensinados a reconhecer as formas subtis de bullying, são conscientizados do poder do seu silêncio e recebem estratégias seguras de intervenção: como apoiar a vítima em privado, como não reforçar o agressor (não rindo) e como informar um adulto de forma eficaz e confidencial.
Programas como o de «alunos ajudantes» ou «ciber-valentes» atribuem um papel de responsabilidade aos próprios alunos, tornando-os protagonistas da prevenção.
Envolvimento familiar e coerência entre a escola e o lar
A prevenção não pode ficar à porta da escola. A escola deve ter uma política ativa de comunicação e envolvimento das famílias. Isto vai além da reunião de início do ano letivo.
Devem ser realizados workshops de formação para pais, onde se explique o que é o bullying, como detetá-lo (tanto se o filho for vítima como agressor) e qual é o protocolo da escola.
Quando a escola e a família trabalham de forma coordenada, a mensagem que a criança recebe é coerente e poderosa.
Se na escola se trabalha a tolerância e a resolução pacífica de conflitos, mas em casa se modela a agressão ou o preconceito, o programa preventivo perde eficácia.
As «escolas de pais» e uma comunicação fluida sobre as regras de convivência são essenciais para criar uma frente comum contra o bullying.
Resumo
A prevenção eficaz do bullying deve ser um projeto integral de toda a escola, não uma conversa isolada. Implica diagnóstico, protocolos claros e supervisão ativa dos adultos nos pontos críticos
O foco da prevenção deve estar nos observadores. É preciso formar os alunos para que passem da passividade à defesa, dando-lhes estratégias seguras para apoiar a vítima
Por fim, a prevenção requer uma aliança total entre a escola e as famílias. Os pais devem ser formados na deteção e a mensagem de tolerância e respeito deve ser coerente em ambos os ambientes
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