Transcrição O que é o ciberbullying ou ciberassédio?
Definição e características diferenciadoras
O ciberassédio, ou cyberbullying, é a evolução digital do assédio escolar tradicional.
É definido como o uso de tecnologias digitais (redes sociais, aplicações de mensagens, plataformas de jogos, telemóveis) para assediar, humilhar, intimidar, ameaçar ou incomodar outra pessoa de forma deliberada e repetida.
Tal como o bullying cara a cara, baseia-se em três pilares: intencionalidade (há um desejo de causar danos), repetição (não é um incidente isolado, embora por vezes um único ato digital que se torna viral cumpra este critério) e desequilíbrio de poder. No entanto, o desequilíbrio de poder no ciberassédio é diferente.
Não depende da força física ou da popularidade social, mas sim do anonimato, da competência digital (saber criar perfis falsos, hackear contas) ou da capacidade de difusão.
O agressor sente-se poderoso porque acredita que não será descoberto, e a vítima sente-se impotente porque não sabe quem a está a atacar ou como impedir a viralização de um conteúdo humilhante.
A Amplificação do Dano (As «4 A» do Ciberassédio)
O ciberbullying é, em muitos aspetos, mais pernicioso do que o bullying tradicional devido às suas características únicas, que podem ser resumidas nas «4 A»:
Anonimato: O agressor pode esconder-se atrás de perfis falsos, e-mails temporários ou números desconhecidos.
Essa falta de identidade visível desinibe o agressor, tornando-o mais cruel, e gera uma ansiedade extrema na vítima, que não sabe de quem deve se proteger.
Alcance (viralidade): uma foto humilhante ou um boato no pátio da escola morria assim que o sino tocava.
Na Internet, um único clique pode divulgar esse conteúdo a centenas ou milhares de pessoas em segundos. O alcance do público é potencialmente ilimitado.
Atemporalidade (Perpetuidade): O assédio tradicional tinha um horário e um local (a escola, o caminho para casa). O ciberassédio invade o lar da vítima.
O telemóvel vibra com insultos no quarto, a meio da noite, durante as férias. Não há refúgio seguro.
Agressividade (desinibição): A falta de contacto visual e a distância física provocam um «efeito de desinibição online».
As pessoas ousam escrever coisas que nunca diriam cara a cara. Isso faz com que a linguagem do ciberbullying seja, muitas vezes, muito mais explícita e violenta.
O novo papel do observador digital
No ciberassédio, o papel do observador transforma-se e torna-se ainda mais crucial.
Já não é apenas um espectador passivo; torna-se um agente ativo da agressão com ações aparentemente triviais.
Cada «Gosto» numa publicação humilhante, cada «partilha» de um vídeo denegridor, ou mesmo a simples visualização de uma «história» do Instagram destinada a ridicularizar alguém, é um ato de reforço ao agressor e uma nova agressão à vítima.
O observador digital tem uma responsabilidade direta na viralização. A sua passividade ou participação ativa (mesmo que por curiosidade) multiplicam os danos e a humilhação.
Ao contrário do recreio da escola, onde o observador podia sentir medo físico, no ambiente digital, o «ciber-corajoso» (aquele que denuncia o conteúdo, que apoia a vítima em público ou em privado) tem mais ferramentas para agir com segurança, embora o medo da rejeição social do grupo continue presente.
Resumo
O ciberbullying é o uso da tecnologia digital para intimidar, humilhar e assediar outra pessoa. Baseia-se na intenção, na repetição e num desequilíbrio de poder baseado no anonimato.
O seu dano é amplificado pelo alcance (viralidade), pela perpetuidade (ocorre 24 horas por dia, 7 dias por semana, invadindo o lar) e pelo anonimato, que provoca uma maior crueldade por parte do agressor.
O observador digital desempenha um papel ativo. Cada «Gosto» ou «partilha» de um conteúdo humilhante é um ato de reforço que multiplica os danos e a viralização da agressão.
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