Transcrição Análise do Caso 3: O castigo e a intermitência
O humor corrosivo e a destruição da autoestima
Analisaremos agora o caso de Henrique VIII (agressor) e Ana Bolena (vítima). Henrique apresenta uma fachada social impecável, mas na intimidade usa um humor ácido destinado a magoar.
Ele zomba sistematicamente das qualidades de Ana; sendo ela uma mulher alegre, ele a chama de «palhaça» e sugere que ela vá para um circo, criticando seus gostos e amizades.
Se Ana se defende, ele fica indignado e acusa-a de não ter sentido de humor e de ser paranóica.
Esta dinâmica leva Ana a medir cada palavra, vivendo num estado de stress e intimidação constante para não provocar novas zombarias.
Enrique alterna períodos de hostilidade com fases de "normalidade" calculada (lua de mel) para evitar que ela se afaste completamente, criando um ciclo de reforço intermitente que a mantém presa.
A sabotagem de momentos especiais e o abandono físico
Um exemplo claro da sua crueldade ocorre durante uma viagem à praia, que Ana idealizava como uma oportunidade de reconciliação.
Desde a chegada, Enrique dedica-se a sabotar a experiência: ignora-a, inventa desculpas para não estar com ela e contradiz tudo o que ela diz. Provoca uma discussão absurda numa loja e culpa Ana pelo conflito.
A situação agrava-se no carro de volta; quando Ana tenta falar sobre o que aconteceu e levanta a voz por frustração, Enrique para o veículo e obriga-a a sair no meio da estrada, chamando-a de «histerica». Ele deixa-a abandonada, obrigando-a a voltar de autocarro.
Durante o trajeto, em vez de ficar indignada pelo perigo corrido, Ana repassa obsessivamente o que fez de errado para merecer tal castigo, buscando uma lógica na irracionalidade do agressor.
O castigo digital e a manipulação do ambiente
Após esses incidentes, Enrique aplica o castigo do silêncio e do desaparecimento. Ele não atende chamadas e responde aos e-mails com frieza, ordenando que ela «pense no que fez» e peça perdão.
Durante essas separações, ele usa as redes sociais (Facebook) como arma, sabendo que Ana o vigia.
Ele adiciona mulheres desconhecidas e publica comentários ofensivos ou vitimistas, apresentando-se aos amigos em comum como o homem magoado pela «agressividade» de Ana.
Só quando vê que Ana deixa de insistir, reaparece fingindo desânimo para recomeçar tudo.
Enrique recusa-se a comprometer-se ou a viver com ela, culpando Ana de ser «controladora», e repete esse padrão de idas e vindas durante anos
analise do caso 3 o castigo e a intermitencia