Intervenção e tratamento na depressão perinatal

A intervenção na depressão perinatal deve seguir princípios fundamentais que garantam a segurança e o bem-estar tanto da mãe como do bebé. A abordagem deve ser individualizada, considerando o historial clínico, os antecedentes psiquiátricos, o contexto familiar e social e a fase da gravidez ou pós-parto.

Além disso, é necessária uma abordagem multidisciplinar que inclua psiquiatria, psicologia, obstetrícia, pediatria e serviço social, uma vez que a saúde mental materna tem um impacto direto na saúde do bebé, na díade mãe-filho e na dinâmica familiar.

Tratamento farmacológico na gravidez e lactação

O tratamento com antidepressivos na depressão perinatal baseia-se numa avaliação cuidadosa dos riscos e benefícios. Não tratar a depressão perinatal pode ter consequências significativas: baixo apego ao bebé, complicações obstétricas, maior risco de suicídio materno e efeitos adversos no desenvolvimento da criança.

Os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), como a sertralina, são de primeira linha devido ao seu perfil de segurança tanto na gravidez como durante a amamentação. É fundamental evitar mudanças abruptas de medicação, especialmente se a mulher já teve uma resposta favorável a um medicamento específico.

Entre os estabilizadores do humor, o lítio requer monitorização rigorosa durante a gravidez, enquanto outros, como o ácido valpróico, são contraindicados devido ao alto risco de malformações congénitas.

Quanto aos ansiolíticos, recomenda-se evitá-los durante o primeiro trimestre devido aos riscos de fenda palatina e preferir um uso muito limitado perto do parto para evitar efeitos adversos neonatais. É fundamental evitar medicamentos como a clozapina durante a amamentação, a menos que esta seja suspensa, devido à alta passagem do medicamento pelo leite.

As diretrizes atuais recomendam sempre planear a gravidez em mulheres em tratamento psicofarmacológico, selecionar medicamentos com mais evidências de segurança, limitar o número de medicamentos utilizados e não interromper tratamentos eficazmente estabelecidos sem uma causa clara.

Tratamento psicoterapêutico

A psicoterapia tem um papel essencial em todos os casos de depressão perinatal, mesmo