Transcrição Diagnóstico e triagem clínica
O diagnóstico precoce da depressão perinatal é uma das estratégias mais eficazes para prevenir complicações graves na mãe, no bebé e no seu ambiente. Apesar de ser uma das complicações mais frequentes da gravidez e do pós-parto, continua a ser amplamente negligenciada.
Isto deve-se, em parte, à falta de conhecimento clínico sobre os critérios de diagnóstico adequados, bem como ao peso dos estigmas culturais que dificultam que as mulheres expressem abertamente o seu mal-estar emocional durante a gravidez e o puérperio.
Importância do diagnóstico precoce
A deteção precoce permite intervir antes que os sintomas se tornem crónicos ou evoluam para quadros graves, como a psicose pós-parto ou o suicídio materno. No entanto, muitas mulheres não são diagnosticadas a tempo porque mantêm uma aparente funcionalidade.
Podem estar bem vestidas, comparecer às consultas e cuidar do bebé, enquanto internamente experimentam angústia, irritabilidade ou sentimentos de culpa. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde perguntem ativamente sobre o estado emocional das mães, evitando assumir que «se parece bem, está bem».
Ferramentas de diagnóstico e escalas
Existem instrumentos validados que facilitam o rastreio sistemático. Um dos mais utilizados é a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS).
Esta ferramenta de 10 itens pode ser preenchida em menos de cinco minutos e foi concebida especificamente para o contexto perinatal, uma vez que exclui sintomas como alterações do sono ou irritabilidade, que podem ser confundidos com experiências normais da gravidez e do pós-parto.
Uma pontuação de 13 ou mais sugere a necessidade de avaliação clínica de saúde mental, e qualquer pontuação superior a zero na pergunta sobre ideação suicida (item 10) requer encaminhamento imediato.
Outra ferramenta útil são as Perguntas de Whooley, um rastreio breve de duas perguntas que indaga sobre os dois sintomas centrais da depressão: humor deprimido e anedonia. Se a resposta a qualquer uma das duas for afirmativa, recomenda-se aplicar uma escala mais extensa, como a EPDS.
Considerações clínicas na gravidez e no pós-parto
O diagnóstico nesta fase exige uma análise clínica minuciosa, uma vez que muitos sintomas depressivos p
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