Transcrição Contexto global e métricas da desigualdade
O Índice Global e a Realidade dos Números
Para compreender a magnitude do desafio que enfrentamos em matéria de igualdade, é indispensável recorrer a métricas objetivas que nos permitam avaliar o progresso ao longo do tempo.
Em 2006, o Fórum Económico Mundial introduziu uma ferramenta fundamental: o índice da disparidade de género.
Este indicador não se baseia em opiniões, mas sim numa métrica consistente que avalia a paridade em quatro dimensões críticas: oportunidades económicas, realizações educativas, saúde e empoderamento político ou liderança.
O objetivo final é atingir uma pontuação de 100%, o que indicaria a igualdade total entre homens e mulheres.
No entanto, a realidade estatística atual mostra-nos um panorama que avança lentamente.
Para o ano de 2023, o índice global situou-se em 68%, o que representa uma melhoria marginal de apenas algumas décimas percentuais em relação ao ano anterior. Se analisarmos o mapa mundial, encontramos disparidades significativas.
Enquanto nações como a Islândia lideram a tabela com um avanço superior a 90%, outros países latino-americanos, como o México ou o Brasil, oscilam entre 73% e 77%.
No outro extremo, países como o Afeganistão apresentam números alarmantes, onde as oportunidades para as mulheres mal ultrapassam os 40%.
A conclusão é contundente: até hoje, não existe nenhum país no planeta que tenha conseguido fechar completamente a lacuna e oferecer igualdade total de condições.
Impacto económico e a diferença salarial
Para além das estatísticas gerais, existe um indicador que afeta diretamente o bem-estar das famílias e a economia global: a diferença salarial.
Este conceito reflete a disparidade entre os rendimentos auferidos por homens e mulheres no mercado de trabalho.
A nível global, as mulheres ganham aproximadamente 18% menos do que os seus homólogos masculinos; ou seja, por cada unidade monetária que um homem ganha, uma mulher recebe apenas 82 cêntimos.
Esta situação agrava-se em regiões como a América Latina, onde a desproporção pode chegar a 50 cêntimos por cada dólar.
Imaginemos uma jovem profissional que inicia hoje a sua carreira profissional; ao longo de uma carreira de três décadas, esta diferença salarial poderia traduzir-se numa perda acumulada de centenas de milhares de dólares em comparação com um colega masculino no mesmo cargo.
Eliminar essa disparidade não é apenas um ato de justiça social, mas uma estratégia económica inteligente.
Estima-se que eliminar a diferença salarial poderia aumentar significativamente o PIB mundial e reduzir a pobreza feminina pela metade.
No entanto, persiste a percepção errada de que isso é um "problema das mulheres", quando na verdade é um desafio de liderança que requer a participação ativa dos homens para que não demore séculos para alcançar a paridade.
Resumo
O Fórum Económico Mundial estabeleceu o índice de disparidade de género para medir objetivamente a paridade em dimensões críticas como a economia, a saúde e a política. Embora a meta seja 100%, nenhum país conseguiu eliminar totalmente essa disparidade até o momento.
O progresso global é lento, com o índice situando-se em 68% em 2023, com disparidades geográficas notáveis, onde nações líderes ultrapassam os 90%, enquanto outras mal atingem os 40%. Esta realidade estatística demonstra que o avanço para a igualdade total ainda requer muito trabalho.
A disparidade salarial tem impacto na economia, com as mulheres a ganharem 18% menos do que os homens a nível global, o que gera enormes perdas acumuladas ao longo das suas carreiras. Eliminar esta disparidade é uma estratégia inteligente que poderia aumentar o PIB mundial e reduzir a pobreza.
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