Transcrição Níveis de audição
Em vídeos anteriores sobre o tema 5 que nos diz respeito: "comunicação e relações com terceiros", vimos a importância de saber ouvir. Clarificámos conceitos e matizámos o valor da escuta ativa. Neste vídeo, vamos centrar-nos nos níveis de escuta. Também identificaremos e daremos exemplos de quando estamos a ESCUTAR BEM.
Ao processar a informação, descobrimos que a escuta tem uma complexidade maior do que a audição, sendo que esta última se aplica ao som em si. Escutar implica ir mais longe e prestar atenção com mais frequência. A atenção e a atitude com que o diálogo se processa influenciam os diferentes níveis de escuta que experimentamos.
Esclarecimento
Antes de mais, gostaria de clarificar um aspeto. Os níveis de escuta são vistos de uma forma cíclica, o que é isso? Num determinado momento, podemos estar demasiado envolvidos e ouvir "bem" e, noutro momento, ouvir "mal". O seu estado de espírito e a perceção do comportamento não verbal do seu interlocutor podem dissociar a mensagem.
O que é importante aqui é saber detetar o momento certo em que se está distraído e sair do "piloto automático" das preocupações. Para ser um bom ouvinte, deve prever que a sua voz interior acabará por assumir o controlo, mas não pode permitir que isso aconteça se a sua intenção é compreender verdadeiramente a outra pessoa.
Primeiro nível
Este primeiro nível é ocupado pela escuta interior. O seu interlocutor está a falar-lhe da sua última viagem às Maldivas, enquanto você está a rever mentalmente a última oferta do supermercado. Os seus pensamentos tomam conta da situação e, quando se apercebe, tem de perguntar, distraído:
- O quê? Desculpem, não estava a ouvir.
- Utilizamos esta escuta a maior parte do tempo, e não o fazemos de livre vontade, estamos apenas inundados de preocupações ou achamos o assunto aborrecido. Para evitar a "desconexão", parafraseie a última coisa que ele ou ela disse, mostre um interesse mais ativo: gesticule e concentre-se na pessoa.
- Como é que sabemos o que domina este primeiro nível da nossa comunicação?
- Quando ouvimos, pensamos no que teríamos feito no lugar da pessoa.
- Tem tendência para corrigir, mental ou verbalmente, o seu companheiro. Nesta altura, concentra-se mais no erro do que nas palavras.
- Critica o que ele ou ela diz, porque está ofuscado na sua própria voz.
- Interpreta a partir da sua própria experiência, pelo que não é necessária qualquer explicação.
- As ideias que apoiam as suas crenças são bem-vindas, mas as que se opõem a elas não o são, pelo que não as ouve.
Segundo nível.
Neste nível, é demonstrado um maior grau de atenção. Podemos chamar-lhe "escuta objetiva", porque estamos realmente a analisar o argumento da pessoa que está a falar. Se ele ou ela lhe disser:
- Sinto-me mal, mas vou manter-me forte.
- Vai ouvir exatamente isso, o significado de resiliência que a pessoa está a trazer para a conversa. Não se vai debruçar sobre os gestos, nem sobre o sentimento que está escondido. Apenas compreenderá o que está a acontecer no aqui e agora. Somos objectivos quando pomos de lado o nosso pensamento e nos abrimos para compreender a REALIDADE.
O domínio deste nível é demonstrado quando:
- É capaz de parafrasear o que ele/ela diz, mas ainda não compreende porque é que ele/ela o diz.
- Não se sente identificado com a pessoa, nem consegue sentir uma ligação emocional.
- Está consciente da sua linguagem não-verbal, mas continua a sentir-se confuso, porque não percebe porquê.
- Há uma contradição entre o que pensa que ela está a dizer e o que ela está realmente a dizer. Ou seja, viste que um amigo, depois de ter dito vinte vezes que não tinha sono, desiste. Não percebeste.
Terceiro nível.
Neste nível, é capaz de associar e determinar certas atitudes que não estão a ser ditas, propriamente ditas. Interpreta o silêncio como uma forma de linguagem. Nunca ouviu a frase: "Quem cala, cala"? Pois bem, o silêncio e o gesto, por si só, complementam a mensagem.
Lembram-se que eu era uma pessoa empática? Pois bem, este nível está associado à escuta empática. Ou seja, interpreta-se o que é dito e o acompanhamento emocional. Nessa altura, faz-se a correlação:
- Diz que está feliz, mas um ar melancólico escapa-se-lhe, a cada suspiro. Qual é a razão da sua infelicidade?
A este nível, aproximamo-nos da escuta idealizada:
- Abrimos o nosso coração e começamos a sentir as emoções quase na mesma intensidade com que elas nos são mostradas.
- Deduzimos os estados de espírito a partir da voz, da linguagem não verbal, etc.
- Compreendemos o que não nos estão a dizer.
- Aproximamo-nos da outra pessoa, criando uma ligação.
- Mesmo que a sua perceção seja incorrecta, somos capazes de a dissuadir da sua crença, colocando-nos no seu lugar e compreendendo os passos que ela deu. Vemos a pessoa tal como ela é, sem idealizações nem julgamentos.
Quarto nível.
Aqui somos capazes de ouvir o "todo" e uma consciência colectiva torna-se visível. Dizemos: "Achamos que estás mal" ou "Tivemos uma conversa em que todos concordamos que precisas de terapia".
Nesta altura, chegamos a um consenso. No seu grupo de amigos há discordâncias e opiniões diferentes, mas haverá sempre um ponto em comum. Se todos concordarmos que "a situação financeira do país está a cair a pique", temos uma escuta que atingiu o quarto nível. Numa relação de casal, este nível é previsto quando ambos os parceiros querem facilitar uma mudança, porque tomaram consciência do problema que os afecta.
Nesta altura, o coach está convencido do "nosso problema", mantendo a distância emocional necessária e compreendendo a ação-reação do cliente. O life coach vê-se como uma pessoa que sente o mesmo, mas com a cabeça fria para não se deixar levar pela maré emocional. É um bom ouvinte e vê a origem do conflito de uma perspetiva objetiva, formulando corretamente o problema para chegar a um consenso comum. Exprime-se com base em certas premissas, tais como:
- Temos de compreender isto.
- Em que medida é que isto nos afecta?
niveis escuta