Transcrição Melhorar as suas capacidades de comunicação
Não podes mudar isso. Tu és como és", diz num tom irónico.
Bem, lamento desiludir-te. É muito fácil melhorar as capacidades que já possuímos mas que não desenvolvemos. Essa deficiência fantasma em que acredita tem os dias contados:
- Isso é muito fácil de dizer - repete, num tom zangado.
- Não é mais fácil dizê-lo, é MAIS FÁCIL fazê-lo. Fazes ideia de quantas ligações, áreas cerebrais ou músculos: faciais e da fala, membros e hormonas que circulam no nosso corpo, são necessários para pensar e atormentar-nos vezes sem conta? Muitas, muitas mais do que apenas pensar e fazer.
Observar.
Não se sinta culpado, se a comunicação não é o seu forte, o que é que precisa para ter uma conversa com alguém? Desde cedo se apercebeu que conversar era tão simples como abrir a boca e dizer palavras. Bastava AGUARDAR.
O que é que faz quando se trata de interpretar emojis ou stikers das redes sociais? Aí está, pratica-se constantemente. O mesmo acontece quando se interage cara a cara. O sinal da voz, do olhar e da linguagem corporal torna-o, à medida que o seu cérebro o processa, mais hábil e experiente. O objetivo é este: permitir-lhe compreender e intuir os comportamentos e os diferentes tipos de estilos de comunicação, que, aliás, quais seriam?
Estilos de comunicação.
Um estilo é um comportamento utilizado frequentemente.
Estilo passivo: A pessoa será dominada pela insegurança na sua forma de comunicar, o que a levará a não verbalizar os seus receios e a aceitar outros pontos de vista, mesmo que os considere incorrectos. Este tipo de estilo será adotado por aqueles que se sentem inferiores.
Estilo agressivo: Neste estilo, a pessoa sentirá uma superioridade com a qual poderá maltratar os outros, impondo o seu ponto de vista, e tenderá a utilizar uma linguagem obscena, exagerada e pouco empática.
Estilo assertivo: Existe uma relação de igualdade, a pessoa analisará os critérios dos outros e decidirá se são apoiados, de acordo com os seus princípios. Terá uma consciência empática e social.
Exercício.
Vamos tentar com uma frase. A mensagem que queremos transmitir é: "Se não fizer as pazes com a sua filha, ela vai sair de casa". Uma pessoa, com um estilo marcadamente agressivo, diria assim:
- A tua filha vai sair de casa por causa da forma como a tratas, ponto final! - note-se a dureza e a falta de tato das palavras.
- Uma pessoa com um estilo passivo diria: "Olha, a sério, tenta falar com a tua filha, por favor, estão os dois a passar um mau bocado.
- Faça este tipo de exercício, repense o que tem a dizer e utilize um estilo mais confiante e assertivo: "Compreendo que devem ter os vossos problemas, mas se não falarem com a vossa filha e esclarecerem tudo, é provável que ela saia de casa.
Erros.
Independentemente do estilo de comunicação, a dada altura há erros que têm de ser corrigidos, como os seguintes:
- O que é que me queres dizer?", perguntei, quase à beira do precipício.
- O que ....ehm, assim nada, a minha tia, quando eu era pequenino... - faz uma longa pausa -, lá em casa, gritava-se com as crianças quando diziam palavrões, sabe como é importante... assim... importante, pois bem, a minha tia dava-me uma palmada de consolação para me educar.
- Que estranho que falas, a sério!
- Não percebo porque é que... porque é que... porque é que diz isso. Eu falo normalmente.
- E, claro, o pior destes erros é não ter consciência deles. Se não se sabe onde se está a errar, não se consegue diagnosticar e resolver o problema.
- Já alguma vez lhe aconteceu um destes erros? A maior parte das pessoas, seja por nervosismo, seja por pressa em concluir uma ideia, seja simplesmente por uma educação vocal insuficiente, encadeia frases desconexas ou acrescenta novas frases sem ter concluído a ideia principal.
- Utilizam muletas involuntárias, tais como: ehm, i.e., i.e., i.e., i.e., i.e., i.e., i.e., i.e.. Falam demasiado depressa ou demasiado devagar, sem se articularem bem. Podem não ter um vocabulário adequado e, por isso, tropeçar quando exprimem palavras complicadas, ou podem simplesmente fazer mais pausas do que deviam. Como acha que o recetor recebe a mensagem? Impaciente, ilegível e sem qualquer substância.
- O que é necessário para ultrapassar esta série de erros? Conhecimento, prática e domínio de um vocabulário. Se tivesse de falar sobre os seus gostos musicais em frente a um amigo, ficaria nervoso? Não, a conversa fluiria sem tensão. Um mau domínio dos elefantes num grupo social em que todos são especialistas no assunto vai causar-lhe bloqueio e ansiedade.
- Por isso, ensaie, crie um guião que possa consultar antes de ir para a reunião. Repita em voz alta. Há uma diferença de 100 anos-luz entre o que pensamos e o que dizemos e, por isso, quando chegamos ao momento crucial, tudo o que repetimos de memória, mentalmente, não pode ser facilmente articulado ou sonorizado. Pensar antes de falar.
Técnicas.
Para ter uma melhor expressão oral. Simples:
- Articular: pegue num lápis e coloque-o nos dentes, a partir daí articule o melhor que puder.
- Respirar: expirar e inspirar para um saco, retendo a respiração durante oito segundos. Continue até a respiração abrandar.
- Cultive-se: o nosso vocabulário é sempre o mesmo porque não alargamos o espetro, leia temas que lhe interessam. Investigue, aprenda mais.
- Procure conectores: Não aprenda tudo de cor. Utilize palavras que conduzam a outras palavras, se tiver de apresentar um argumento difícil de memorizar.
- Mantenha uma hierarquia no seu discurso.
- Os conectores são utilizados da seguinte forma: primeiro peço desculpa, utilizo "lamento", depois aprofundo as minhas considerações sobre a situação que está a atravessar com "agora compreendo a sua posição". O cérebro reage quando associamos e não se esquece.
- Da mesma forma que associa palavras, também visualiza outras situações. Expor um assunto, com milhares de olhinhos a olhar para ele, pode ser invasivo. Respire, feche os olhos e imagine que o que está a dizer é muito importante para as pessoas que estão ali sentadas a ouvi-lo. Vai esclarecê-las e vai dar-lhes uma lição. Vai esclarecê-las e elas vão visualizar-se a si como: família, amigos ou parceiros ou pessoas que sabe que não o vão julgar. Por isso, relaxe e comunique com um estilo assertivo: preciso e claro.
O desafio.
O COMO, esse é o grande desafio que vamos enfrentar a partir de hoje. Escolher um número de pessoas, tão realista quanto possível, para abordar para conversar usando um estilo assertivo. Não quero desculpas como "sou preguiçoso" ou "não tenho jeito para isto", quero ver ACÇÃO e ACTIVIDADE. Parem de se queixar e passem à ação. Se escolher 30 pessoas, certifique-se de que são totalmente estranhas.
Onde? Num parque ou numa paragem de autocarro. Não tem de começar por lhes falar da sua vida, mas comece por abordar temas específicos: pergunte-lhes as horas, fale sobre o tempo. Pode até elogiar o trabalho do padeiro: "Como o pão está quentinho hoje". A ideia é que comece a praticar mais, é apenas uma questão de tempo.
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