Diferenças entre o treinador e o psicólogo

O life coach é muitas vezes erradamente confundido com uma espécie de alternativa ao psicólogo. Não saber distinguir os papéis e as funções destas profissões na sociedade pode ser prejudicial para o cliente quando se trata de encontrar uma solução para os seus problemas. Embora seja verdade que o coach tem muitas ferramentas valiosas, adquiridas da psicologia, é importante saber distinguir entre um coach e um psicólogo.

Ao longo do desenvolvimento deste guia, iremos abordar algumas das diferenças fundamentais que existem entre a profissão de coach de vida e a de psicólogo, com o objetivo de delimitar melhor os papéis e as particularidades que o coach de vida apresenta para satisfazer as necessidades dos clientes que procuram os seus serviços.

Campo de ação

O psicólogo é um profissional que possui ferramentas voltadas para a abordagem de problemas originados no psiquismo do paciente. Através do trabalho do psicólogo, é possível identificar perturbações e afectações que ameaçam o normal desenvolvimento das relações sociais, familiares e profissionais de quem delas padece. O psicólogo é um profissional de saúde, não um conselheiro ou um guia.

O life coach é uma pessoa que adquiriu formação em resolução de conflitos através de experiência empírica e teórica, o que lhe permite conceber estratégias e acções para responder aos problemas do cliente a partir de uma perspetiva neutra. O life coach não trabalha especificamente com a saúde mental, pelo menos não de forma profissional.

Os mecanismos utilizados pelo coach podem ser úteis para restabelecer o estado emocional do cliente, mas o seu trabalho não tem por objetivo curar perturbações psicológicas, uma vez que tal requer ferramentas que só podem ser adquiridas no domínio da psicologia.

O psicólogo não é um conselheiro

O psicólogo, ao contrário do coach, não desempenha a função de conselheiro.

O psicólogo faz um diagnóstico clínico do paciente e orienta uma série de acções a seguir para curar os seus males. A diferença fundamental, neste sentido, entre o coach e o psicólogo, reside no facto de que enquanto o coach propõe estratégias para resolver os problemas a partir da sua experiência, o psicólogo orienta diretamente um tratamento e dirige o seu paciente através de uma metodologia clínica previamente concebida para tratar um tipo específico de aflição.

O coach trabalha sobre as emoções, não sobre as doenças.

As ferramentas psicológicas de que o coach dispõe, fruto da sua experiência adquirida e do seu trabalho anterior, centram-se no trabalho sobre o estado emocional do cliente. Este trabalho limita-se ao nível emocional, sem intervir na saúde mental propriamente dita. O coach não vai resolver um distúrbio compulsivo do cliente, pode ajudar a acalmá-lo e a libertar o stress através de ferramentas do quotidiano, mas uma vez diagnosticada uma patologia existente, deve ser encaminhado para um profissional de saúde especializado nestas questões, seja um psicólogo ou um psiquiatra.

A perspicácia e a astúcia do coach levam-no a estabelecer diretrizes que, de uma forma ou de outra, terão um impacto no benefício emocional, mas este deve ser visto como um benefício colateral para o cliente, e não como o fim do trabalho do coach.

Da mesma forma que um psicólogo não pode enfrentar certos problemas na vida do seu paciente, porque estão fora do seu campo de competência, um coach deve saber medir onde estão os seus limites para não afetar os seus clientes.