Noções básicas de coaching nutricional

Princípios básicos do coaching que permitem diferenciá-lo de outras disciplinas.

De um modo geral, o coaching é uma ferramenta para ajudar outras pessoas a efectuarem as mudanças pessoais e profissionais que desejam, com base no autoconhecimento e na autoconfiança, atributos que lhes permitem identificar e gerir diferentes opções para serem o que querem ser e para se sentirem donos plenos dos seus destinos.

O termo "coach" vem etimologicamente de carriage, um meio de transporte que permite às pessoas deslocarem-se de um sítio para outro. De certa forma, o coaching serve também para conduzir as pessoas do sítio onde se encontram na sua vida pessoal ou profissional para onde querem estar.

A maioria dos autores reconhece o ano de 1980 como a data de origem do coaching moderno, no entanto, afirmam que alguns dos seus principais postulados eram também básicos nos métodos de ensino de Sócrates, Platão e Aristóteles, os principais representantes da filosofia grega a partir do século IV a.C.

Antecedentes e evolução do coaching

Influência de Sócrates: Quando se fala da origem do coaching, a figura mais frequentemente mencionada é Sócrates, que utilizava um método chamado maiêutica ("a arte da parteira") para chegar ao conhecimento. Este método consistia em estabelecer um diálogo com o discípulo que se desenvolvia através de perguntas, respostas, debate e conclusão.

O diálogo socrático permitia, partindo de uma ideia inicial errática ou ignorada, chegar à ideia final através do discernimento intelectual. Para Sócrates, um dos pontos-chave da aprendizagem é o facto de o discípulo ser capaz de extrair conhecimento de si próprio.

Atualmente, os coaches utilizam a arte da maiêutica para levar os clientes a examinarem as suas vidas e a encontrarem a verdade através do diálogo, tendo em conta a visão do mundo que os rodeia, o que lhes permite obter resultados positivos na prática.

Ainfluência de Platão: A obra deste aluno e seguidor de Sócrates é constituída por um epistolário e um conjunto de diálogos que constituem o seu legado literário e filosófico. Platão reconheceu a importância da conversação, tal como o seu mestre lhe ensinou, utilizando as perguntas nos seus diálogos como instrumentos de trabalho para melhorar a conversação.

A estrutura dos diálogos de Platão é reconhecida por muitos autores como sessões de coaching primitivas. Os coaches modernos também utilizam perguntas poderosas e a escuta ativa como uma ferramenta básica e comum nas sessões de coaching.

As boas perguntas resultam da escuta atenta e da observação que permitem ao coach inferir o estado de espírito e as emoções do cliente. As perguntas poderosas promovem a consciencialização e o processo de mudança de atitude do cliente.

A influência de Aristóteles: As principais contribuições do pensamento de Aristóteles para a teoria do coaching são:

A sua ideia de que o homem pode tornar-se quem quer que deseje ser, através de uma ação positiva, passando de uma situação atual, "o ser", para uma situação desejada "o dever ser". A metodologia básica para se tornar o que se deve ser é a ação (hábitos). Influência da filosofia existencialista: Os existencialistas afirmam que o homem escolhe livremente a sua essência: "a existência precede a essência", o que significa que a natureza humana não determina o indivíduo, mas são as suas acções que determinam quem ele é. O existencialismo defende a liberdade do indivíduo para perceber e assumir a responsabilidade pelas suas acções.

Os processos de formação modernos assentam também na liberdade do ser humano de aspirar ao futuro e de se projetar incessantemente nele, ultrapassando os seus próprios limites.

Influência da fenomenologia: Uma das ideias da fenomenologia que se aplica ao coaching moderno é o estudo do diretamente dado, ou seja, o fluxo de experiências psíquicas sem a mínima ligação racional. A fenomenologia recomenda a auto-observação psicológica para analisar a nossa própria realidade sem preconceitos.

O sucesso do coaching moderno apela igualmente à intuição do cliente para que este se aperceba de si próprio tal como é, sem ter em conta conhecimentos preconcebidos, crenças antigas, etc.

Influência da psicologia humanista: A psicologia humanista surgiu entre os anos 1950 e 1960. As principais considerações da psicologia humanista que se reflectem na prática do coaching são as seguintes

• O ser humano deve ser considerado como um todo para o qual convergem sentimentos, pensamentos, comportamentos e acções.

• O ser humano desenvolve-se num contexto interpessoal, o que é necessário e importante, mas tendo em conta a individualidade do ser humano nas relações sociais.

• O ser humano é um ser autónomo que tem a capacidade de tomar as suas próprias decisões, decisões essas que orientam o seu desenvolvimento.

• A experiência interior do ser humano é vivida como pessoal e com um significado que é produzido pela própria pessoa, este significado para as suas vivências e experiências, são eixos fundamentais do desenvolvimento das percepções pessoais que as pessoas desenvolvem sobre si próprias.

Influências do treino desportivo: O coaching foi significativamente influenciado pelas ideias de Timothy Gallwey, que desenvolveu uma metodologia de treino desportivo denominada "The Inner Game". Gallwey defendeu que: "Há sempre um jogo interior a ser jogado na nossa mente, independentemente do jogo exterior que estamos a jogar. O nível de consciência que se tem deste jogo pode fazer toda a diferença entre o sucesso e o fracasso do jogo exterior".

Devido ao sucesso alcançado com esta nova metodologia de coaching, os seus métodos foram empregues nos domínios dos negócios, da saúde e da educação.

No coaching moderno, reconhece-se também que existe um jogo interior que se desenrola tanto na mente do coach como na do cliente, o que é muito importante ter em conta quando concentramos as nossas acções. Perder a perspetiva dos nossos pensamentos é o principal inimigo para atingir os objectivos no desporto e na vida. Contribuições de Thomas J. Leonard: O modelo atual de coaching é atribuído a Thomas J. Leonard, que adaptou o método, fundindo conceitos empresariais, psicológicos, filosóficos, desportivos e espirituais para o tornar aplicável à vida quotidiana, criando um processo que ajuda as pessoas a atingir mais e melhores objectivos.

Definição de coaching.

É um processo em que um coach e um indivíduo (coacheé) ou um pequeno grupo de pessoas (coachees) se comprometem a trabalhar em conjunto para atingir um conjunto de objectivos, desenvolvendo um plano de ação. Nesta relação, o coach dirige e coordena a execução de um programa em que se oferece ao coachee um caminho de crescimento pessoal e profissional para que as suas estratégias ou comportamentos conduzam ao sucesso (Vida Salazar, Eulogio, & Vera, 2011).

Por outras palavras, o coaching é uma disciplina em que o cliente, com a colaboração do coach, utiliza todo o seu potencial para maximizar o desempenho e a performance, de forma a alcançar a realização pessoal e profissional.

Fundamentos do coaching

Consciencialização: Para que o coachee possa fazer uma mudança real e sustentada no seu comportamento, é necessário que tome consciência do que está a acontecer e porque está a acontecer. A tomada de consciência implica compreendermo-nos melhor, descobrir as nossas emoções, conhecer as razões dos nossos pensamentos e acções. Devemos tomar consciência de tudo o que nos acontece para nos compreendermos a nós próprios e tentarmos mudar o que temos de mudar. O coach ajuda a desenvolver a auto-consciência do cliente através de perguntas e reflexões.

A consciencialização não garante que a mudança ocorra, mas sem "consciencialização" é praticamente impossível que a mudança ocorra.

Autoconfiança: Uma vez que os indivíduos estão conscientes da sua situação, o coach deve guiá-los para mobilizarem todo o seu potencial para alcançar a mudança. As pessoas têm capacidades potenciais muito para além do que supõem. Estas capacidades só se revelam em determinadas situações limite pelas quais o ser humano passa ao longo da sua vida. O coaching é uma excelente ferramenta que permite ao coachee descobrir e fazer emergir o melhor de si próprio para atingir os seus objectivos. Responsabilidade: Muitas pessoas têm consciência da situação em que se encontram e acreditam que são capazes de a resolver, mas falta-lhes a responsabilidade de iniciar o caminho de auto-aperfeiçoamento e crescimento. A responsabilidade é um valor que está na consciência das pessoas para enfrentar da forma mais positiva e integral as situações que nos acontecem na vida. A responsabilidade manifesta-se não só na capacidade de tomar decisões de forma consciente, mas também de assumir as consequências dessas decisões.

O coach deve incentivar o desenvolvimento deste valor no cliente, motivando-o a reconhecer e a responder às suas próprias preocupações, a melhorar sem limites, com os seus próprios recursos, os resultados das suas acções, a assumir as consequências das suas faltas, etc.

5. Princípios básicos do coaching que o diferenciam de outras disciplinas O coachee define a agenda, centrada na realização dos seus objectivos específicos.

Baseia-se no estabelecimento de uma relação de confiança, colaboração e acompanhamento, em que o coach fornece ao coachee um feedback pontual e claro que favorece a motivação e a realização dos objectivos.

O coach aceita que o coachee tem os recursos necessários para atingir os seus objectivos; e também o coachee aceita que o coach é a pessoa certa para o ajudar a atingir as mudanças que lhe foram propostas.

O coaching proporciona o ambiente adequado para uma aprendizagem acelerada que influencia positivamente a eficácia do processo.

O coaching facilita o pleno desenvolvimento do potencial do coachee e do coach ao longo do processo.