Transcrição ESTEREÓTIPOS DE GÉNERO E PRECONCEITOS
DIFERENÇA ENTRE GÉNERO E SEXO: CONSTRUÇÕES SOCIAIS
É fundamental distinguir entre fenómenos naturais e construções sociais para compreender a origem de muitos comportamentos de assédio.
O sexo biológico refere-se a características fisiológicas naturais (como dar à luz), enquanto o género abrange ideias, práticas, crenças e atributos que uma sociedade considera apropriados para homens e mulheres num determinado momento.
Essas percepções não são imutáveis; elas mudam com o tempo e a cultura. Por exemplo, a associação da cor rosa com meninas ou a ideia de que apenas homens podem levantar pesos pesados são fenômenos sociais aprendidos, não leis naturais. Imaginemos Joana d'Arc num contexto corporativo moderno.
Se os seus colegas a discriminassem ou assediassem argumentando que a sua «natureza feminina» a impede de liderar estratégias agressivas de mercado ou «ir para a batalha» em negociações difíceis, estariam a agir com base num estereótipo de género socialmente construído, não numa realidade biológica.
A sensibilidade a essas construções é vital para evitar preconceitos que limitam o potencial profissional com base em expectativas arcaicas sobre como cada género deve se comportar ou se apresentar.
IMPACTO DOS PRECONCEITOS NA TOMADA DE DECISÕES PROFISSIONAIS
Os estereótipos de género influenciam negativamente a gestão de talentos e a atribuição de tarefas.
Muitas vezes, existem noções preconcebidas sobre qual género é adequado para certas profissões (enfermagem vs. engenharia) ou funções de liderança.
Quando um funcionário desafia essas normas estéticas ou comportamentais, pode tornar-se alvo de hostilidade.
Um caso claro é o assédio baseado na aparência que desafia os papéis tradicionais de género, como um homem que usa acessórios considerados «femininos».
Suponhamos que o escritor Oscar Wilde, conhecido pelo seu estilo extravagante, trabalhe como recepcionista numa empresa conservadora dirigida pela Rainha Vitória.
Se ela lhe dissesse que, para ser promovido a um cargo de atendimento ao cliente, ele deveria «parecer mais normal» e tirar os seus anéis e cravos, baseando-se apenas no facto de que «os homens não se vestem assim», ela estaria a praticar discriminação por estereótipos de género.
Se Victoria também fizesse piadas depreciativas sobre Wilde ser a sua «garota do escritório» devido ao seu estilo, isso constituiria assédio ambiental baseado em preconceitos sexistas, independentemente da competência profissional dele.
DISCRIMINAÇÃO BASEADA NA ORIENTAÇÃO SEXUAL E NOS PAPÉIS TRADICIONAIS
O assédio sexual muitas vezes está interligado com a discriminação por orientação sexual, real ou percebida.
Isso ocorre quando um funcionário não se adere aos estereótipos hegemónicos de masculinidade ou feminilidade.
O assediador pode fazer perguntas intrusivas sobre a vida privada (estado civil, filhos) para confirmar suspeitas e depois espalhar rumores.
Esse comportamento pune o funcionário por não cumprir as expectativas sociais do agressor.
Se o matemático Alan Turing fosse submetido a um interrogatório constante por parte do seu supervisor sobre por que não tem esposa nem filhos e, diante das suas respostas evasivas, o supervisor co
estereotipos de genero e preconceitos