Transcrição Narcisismo Encoberto: O Perigo Oculto
O perfil do «lobo em pele de cordeiro»
Enquanto o narcisista grandioso é arrogante, barulhento e facilmente identificável, o narcisista dissimulado (também chamado de vulnerável) é muito mais difícil de detectar e, muitas vezes, mais prejudicial a longo prazo devido à sua capacidade de camuflagem.
Apresentam-se à sociedade como pessoas tímidas, altruístas, abnegadas, hipersensíveis ou mesmo frágeis.
No entanto, na intimidade do lar, partilham o mesmo desprezo, a mesma falta de empatia e a mesma sede de controlo que o tipo grandioso.
Costumam exercer um abuso passivo-agressivo constante e sutil: suspiros pesados, olhares de desaprovação, silêncios prolongados e sabotagem dissimulada das conquistas do parceiro.
O perigo extremo deste perfil reside na dissonância que gera no ambiente: muitas vezes são vistos como os «pilares da comunidade», os «maridos perfeitos» ou as «mães sacrificadas».
Isso faz com que, quando a vítima tenta denunciar ou contar a sua experiência, ela enfrente a total descrença de amigos e familiares, aumentando o seu isolamento e a sensação de loucura.
A vitimização como estratégia de domínio
A principal ferramenta de manipulação do narcisista dissimulado é a vitimização profissional.
Eles usam supostas doenças, traumas do passado, estresse no trabalho ou "azar" para manipular o parceiro e exigir cuidados e concessões constantes, enquanto não oferecem nenhum apoio recíproco.
Quando confrontados pelo seu comportamento abusivo, ativam instantaneamente a tática conhecida como DARVO (Negar, Atacar e Inverter Vítima e Ofensor).
Negam o fato, atacam a credibilidade do parceiro e invertem os papéis, terminando a discussão chorando e acusando a vítima real de ser insensível, agressiva ou egoísta.
O resultado é devastador: a vítima acaba consolando o seu próprio agressor e pedindo perdão por tê-lo «perturbado».
Essa inversão sistemática da realidade mantém a vítima num estado de culpa perpétua, acreditando ser responsável pela infelicidade crónica do agressor e trabalhando incansavelmente para «curá-lo», sem entender que a vitimização é a arma com que é subjugada.
Resumo
Este perfil, conhecido como o «lobo em pele de cordeiro», é difícil de detectar devido à sua fachada pública de altruísmo ou timidez. No entanto, na intimidade, eles exercem um abuso passivo-agressivo constante, cheio de desprezo e sabotagem sutil.
A sua perigosidade reside na boa imagem social que mantêm, o que gera descrença no ambiente quando a vítima tenta denunciá-los. Utilizam a vitimização sistemática para manipular, apresentando-se como sofredores perante terceiros, enquanto exercem um controlo férreo em casa.
Perante a confrontação, utilizam a técnica DARVO: negam, atacam e invertem os papéis de vítima e agressor. Isto confunde a vítima real, que acaba por pedir desculpa e sentir-se culpada pelo mal-estar do agressor.
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