O problema social das emoções desagradáveis

A nossa sociedade atual tem uma relação complicada com emoções desagradáveis.

Existe uma espécie de tirania da positividade que nos impele a estar sempre felizes, motivados e cheios de energia.

Quando alguém expressa tristeza, ansiedade ou raiva, a reação social imediata é geralmente tentar "consertar" rapidamente.

As pessoas são rápidas a dar conselhos, a dizer "anima-te" ou "não sejas assim".

Embora estas reações sejam geralmente bem-intencionadas, transmitem uma mensagem subjacente problemática: que sentir estas emoções é errado e que elas precisam de ser eliminadas o mais rapidamente possível.

Invalida-nos emocionalmente e impede-nos de experienciar os nossos processos naturais. Por vezes, o que mais precisamos quando estamos tristes não é de um conselho para nos animar, mas sim de alguém que simplesmente se sente ao nosso lado e nos permita estar tristes. Temos um assunto pendente enquanto sociedade: aprender a tolerar e a respeitar o desconforto emocional, tanto o nosso como o dos outros. Precisamos de aprender a reservar o tempo necessário para ultrapassar um mau dia, uma má semana ou até mesmo um mau mês. Isto não tem de ser algo patológico que exija intervenção imediata. Faz parte da experiência humana. É claro que isto não significa que a ajuda profissional não seja útil. É crucial procurá-la quando uma emoção se torna desadaptativa, crónica e começa a interferir seriamente na nossa vida. Mas devemos diferenciar entre um processo emocional normal e um problema clínico. Uma vida verdadeiramente feliz e plena não é aquela que está livre de emoções desagradáveis.

É uma vida na qual aprendemos a viver com toda a gama de emoções, aceitando-as como parte da nossa jornada e sabendo quando agir.

Resumo

A nossa cultura promove a ideia de estar sempre feliz, o que leva à invalidação de emoções como a tristeza ou a raiva. Isto impede-nos de experienciar os nossos processos emocionais de forma autêntica.

Frases como "animar-se" podem parecer úteis, mas frequentemente reforçam a ideia de que sentir desconforto é errado. A aceitação e o apoio emocional são mais valiosos do que oferecer soluções rápidas.

Devemos aprender a distinguir entre desconforto natural e patológico. Uma vida plena não elimina as emoções desagradáveis, mas antes integra-as e gere-as com compreensão, aceitação e apoio adequado.