Importância do diagnóstico oportuno

Reconhecer a tempo os sintomas da depressão é fundamental para evitar que o mal-estar emocional evolua para quadros clínicos graves que comprometam o bem-estar físico, mental e social da pessoa.

Muitas vezes, o que começa como um stress leve ou uma tristeza passageira pode escalar silenciosamente até se tornar um transtorno depressivo maior, especialmente se não se prestar atenção aos sinais de alerta.

Quando suspeitar de depressão?

A depressão não é simplesmente «estar triste». Trata-se de um transtorno complexo que afeta o humor, a motivação, o sono, o apetite e as relações sociais.

Por isso, é importante diferenciá-la de emoções normais como a tristeza, que é transitória e geralmente tem uma causa identificável.

Em contrapartida, na depressão, a causa pode não ser clara, os sintomas persistem ao longo do tempo e geram um deterioramento nas atividades cotidianas.

Um dos critérios fundamentais para suspeitar de um transtorno depressivo é a duração dos sintomas.

Se uma pessoa apresentou pelo menos cinco sintomas como tristeza profunda, irritabilidade, falta de energia, insónia ou hipersonia, alterações no apetite, dificuldades de concentração ou pensamentos de morte durante mais de duas semanas, é necessário procurar ajuda profissional.

Também é um sinal de alerta se houver uma mudança brusca no comportamento: isolamento social, abandono de atividades que antes gostava, baixo desempenho académico ou profissional ou comportamentos autodestrutivos.

A metáfora da pedra no sapato é particularmente útil: se ignorarmos que algo «não está bem» emocionalmente, o problema não só persiste, como piora.

O stress constante sem tratamento é como conduzir com um pneu furado; eventualmente, o pneu rebenta, danifica outras partes do carro e pode causar um acidente grave.

Da mesma forma, uma depressão não tratada pode levar a crises maiores, incluindo o suicídio.

A quem recorrer?

Uma vez identificados os sinais de alerta, é fundamental procurar profissionais de saúde mental.

O primeiro contacto pode ser um médico de clínica geral ou de primeiro nível, que poderá encaminhar o paciente a especialistas em saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras.

Os psicólogos trabalham principalmente com terapia e estratégias cognitivo-comportamentais para ajudar a compreender e modificar pensamentos negativos, enquanto os psiquiatras podem intervir com medicação, se o quadro assim o exigir.

Em alguns casos, é recomendado o tratamento conjunto.

Agir a tempo salva vidas. Reconhecer os sintomas, falar sobre eles sem medo ou julgamento e procurar ajuda profissional é o primeiro passo para a recuperação.

Pedir apoio não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade pessoal. A depressão não se resolve sozinha; como em qualquer doença, o tratamento precoce é fundamental para evitar sequelas e promover uma vida plena.