Transcrição Identificação e diagnóstico da depressão clínica
Identificar a depressão nem sempre é fácil, pois suas manifestações podem ser muito variadas.
Embora existam diferentes tipos de transtornos depressivos — como o perinatal, o sazonal ou o bipolar —, esta secção centra-se no transtorno depressivo maior, também conhecido como depressão clínica, tal como é abordado em contextos profissionais de saúde mental.
Este tipo de depressão afeta tanto o estado emocional como o corpo e as relações sociais.
Para compreender melhor a sua complexidade, é útil agrupar os sintomas em três grandes categorias: emocionais, físicos e comportamentais.
Indicadores emocionais
Nesta dimensão, destacam-se sentimentos persistentes de tristeza, vazio ou apatia. A pessoa pode experimentar uma perda notável de interesse por atividades que antes lhe proporcionavam bem-estar.
A isto acrescenta-se uma visão pessimista de si mesma e do futuro, sentimentos de fracasso, culpa infundada ou irritabilidade constante.
Nos casos mais graves, podem surgir pensamentos relacionados com o suicídio ou a ideia de se magoar.
Manifestações físicas
A depressão também se expressa a nível corporal. É frequente o aparecimento de alterações do sono, como dificuldade em dormir ou sonolência excessiva.
Também podem ocorrer alterações no apetite, com perda ou aumento de peso, sem uma causa médica específica.
Outros sinais incluem cansaço permanente, lentidão nos movimentos ou na fala, desconforto físico sem explicação médica (como dores ou problemas digestivos) e alterações hormonais, que podem afetar os ciclos menstruais nas mulheres ou diminuir a libido.
Mudanças no comportamento social
Este transtorno tem um impacto direto na vida quotidiana. As pessoas afetadas tendem a isolar-se, negligenciar os seus compromissos sociais e profissionais e distanciar-se emocionalmente do seu ambiente próximo.
O desempenho no trabalho, nos estudos ou nas tarefas diárias é prejudicado, o que agrava o mal-estar e o sentimento de inutilidade.
Avaliação diagnóstica. Critérios do DSM-5
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, em sua quinta edição (DSM-5), estabelece parâmetros precisos para diagnosticar o transtorno depressivo maior.
De acordo com este guia, devem estar presentes pelo menos cinco sintomas específicos durante um mínimo de duas semanas, na maioria dos dias e durante grande parte do dia.
Entre os sintomas considerados pelo DSM-5 estão:
- Humor deprimido.
- Perda significativa de interesse ou prazer.
- Alterações no peso ou no apetite.
- Insónia ou sonolência excessiva.
- Agitação ou lentidão física.
- Cansaço persistente.
- Sentimentos intensos de inutilidade ou culpa.
- Problemas de concentração ou tomada de decisões.
- Pensamentos recorrentes sobre a morte ou o suicídio.
Pelo menos um dos sintomas obrigatórios deve ser o humor deprimido ou a perda de interesse.
Além disso, os sintomas devem interferir significativamente no funcionamento pessoal, profissional ou social e não podem ser explicados pelo uso de substâncias ou por outro diagnóstico psiquiátrico, como esquizofrenia.
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