Transcrição Fatores de risco
A depressão perinatal não é uma condição isolada ou aleatória. O seu aparecimento é determinado por uma interação complexa de fatores biológicos, psicológicos e sociais. Identificar esses fatores de risco é essencial para a prevenção, o rastreio oportuno e a abordagem integral deste problema.
Agrupamento de fatores: psiquiátricos, obstétricos, sociais e relacionados com o bebé
Os fatores de risco podem ser organizados em quatro grandes blocos. Em primeiro lugar, os antecedentes psiquiátricos pessoais ou familiares constituem um fator de risco contundente.
Mulheres com histórico de depressão, ansiedade, transtorno bipolar ou consumo de substâncias psicoativas (incluindo álcool e tabaco) têm maior probabilidade de experimentar um episódio depressivo durante a gravidez ou o pós-parto.
A síndrome pré-menstrual intensa também foi identificada como um indicador de vulnerabilidade hormonal a distúrbios afetivos. No âmbito obstétrico, observou-se um risco maior em mulheres primíparas, com histórico de infertilidade ou perdas gestacionais, bem como naquelas que apresentam complicações ginecológicas e obstétricas, como pré-eclâmpsia, partos distócicos ou prematuros.
Além disso, a falta de controlo pré-natal adequado ou de informação sobre o processo de gestação pode aumentar o stress e a incerteza durante este período. Por outro lado, existem fatores relacionados com o bebé. As dificuldades com a amamentação — seja por dor, baixa produção de leite ou desinformação — podem gerar sentimentos de frustração, culpa e fracasso na mãe, afetando o seu estado emocional.
Da mesma forma, recém-nascidos com doenças, hospitalização na UTI neonatal ou irritabilidade constante estão associados a uma maior incidência de depressão nas mães, ao aumentar o nível de exigência emocional e física.
No plano psicossocial, a disfunção conjugal, o isolamento, a rede de apoio insuficiente, a violência doméstica e as condições socioeconómicas precárias (como o desemprego ou a habitação inadequada) constituem fatores de risco críticos.
Estudos nacionais confirmam que as principais variáveis preditoras de depressão perinatal em contextos de baixos rendimentos incluem disfunção conjugal, problemas económicos e experiências de luto.
Importância do apoio familiar e do cônjuge
O ambiente imediato da mãe tem um impacto significativo na sua saúde mental. O acompanhamento afetivo, físico e emocional por parte do cônjuge ou familiares próximos permite partilhar responsabilidades, diminuir a carga mental e proporcionar segurança.
Ao contrário disso, a ausência de apoio gera isolamento, sensação de abandono e vulnerabilidade, o que pode precipitar ou agravar um quadro depressivo. Promover uma «tribo» ou rede de apoio em torno da mãe, especi
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