Transcrição O círculo vicioso da ansiedade. interação dos componentes
A ansiedade não é um fenómeno linear, mas um processo dinâmico e muitas vezes autoperpetuante, em que os pensamentos, as emoções, as sensações físicas e os comportamentos interagem entre si, criando um círculo vicioso que mantém e até intensifica o estado de ansiedade.
Compreender esta interação é fundamental para quebrar o ciclo.
O gatilho inicial
O ciclo vicioso da ansiedade começa normalmente com um fator desencadeante, que pode ser uma situação externa (por exemplo, uma apresentação pública, um exame), um pensamento interno (uma preocupação, uma recordação) ou uma sensação física (uma palpitação, uma tontura).
Interpretação cognitiva catastrófica
Uma vez que o gatilho está presente, a pessoa faz uma interpretação cognitiva da situação ou das suas próprias sensações.
Nas perturbações de ansiedade, esta interpretação tende a ser catastrófica ou ameaçadora.
Por exemplo, uma palpitação pode ser interpretada como "estou a ter um ataque cardíaco", ou um convite para uma festa como "tenho a certeza que vou fazer figura de parvo e ninguém vai querer falar comigo".
Estes pensamentos negativos automáticos e as distorções cognitivas aumentam a perceção do perigo.
Reação emocional e fisiológica reforçada
Esta interpretação catastrófica gera ou intensifica a emoção da ansiedade ou do medo.
Em resposta, o sistema nervoso simpático é ainda mais ativado, produzindo um aumento das sensações físicas associadas a ansiedade (taquicardia, suores, tensão muscular, etc.).
Estas sensações físicas, por sua vez, podem ser interpretadas como uma confirmação da perceção de perigo ("as minhas palpitações mostram que algo de mau me está a acontecer"), o que reforça os pensamentos catastróficos e aumenta ainda mais a ansiedade.
Comportamentos de evitamento e de procura de segurança
Na tentativa de gerir esta angústia, a pessoa recorre a comportamentos de evitamento (fugir da situação ou evitá-la no futuro) ou a comportamentos de procura de segurança (acções para evitar a catástrofe temida).
Embora estes comportamentos possam proporcionar um alívio temporário da ansiedade, são contraproducentes a longo prazo.
O evitamento impede que a pessoa desconfirme os seus medos e aprenda que pode lidar com a situação.
Os comportamentos de segurança, embora aliviem momentaneamente, reforçam a convicção de que a situação é perigosa e só pode ser gerida através desses comportamentos, mantendo assim o ciclo.
Reforço do ciclo
Ao evitar a situação ou "fugir" dela com um alívio temporário, o comportamento de evitamento é reforçado negativamente.
A pessoa aprende que evitar a situação reduz a ansiedade, tornando-a mais suscetível de a evitar no futuro, sem lhe dar a oportunidade de se habituar a ela ou de provar que os seus receios eram infundados.
Assim, o círculo vicioso fecha-se e perpetua-se.
Quebrar este ciclo implica intervir nas suas diferentes componentes: modificar os pensamentos catastróficos, aprender a gerir as sensações físicas e, fundamentalmente, reduzir os comportamentos de evitamento e de segurança através da exposição.
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