Identifique o seu público

Uma das principais funções de um discurso é transmitir uma mensagem útil a um público específico. O público que assiste ao nosso discurso ou que o vê através de um vídeo é uma parte essencial do nosso trabalho. É por isso que, quando preparamos um discurso, temos de estudar previamente a quem nos dirigimos. Nem sempre temos um público homogéneo, o que pode tornar o cenário ainda mais difícil.

Para resolver este problema, temos de recorrer a vários mecanismos e estratégias que nos permitem identificar pontos em comum, de modo a abordar um tema que satisfaça o interesse geral de todos os presentes.

Durante a próxima sessão, apresentaremos algumas das recomendações básicas sobre como trabalhar o discurso de acordo com os interesses do nosso público.

Público homogéneo vs. público heterogéneo: Ao identificar o tipo de público a abordar, classificamo-lo como homogéneo ou heterogéneo. Um público é homogéneo quando é composto por pessoas que partilham os mesmos critérios e gostos gerais em relação ao tema que estamos a abordar. Quando esse público é constituído por grupos de pessoas que têm critérios, gostos ou opiniões opostas, é normalmente classificado como heterogéneo.

Um público homogéneo é mais fácil de abordar. Geralmente, se a nossa mensagem, a nossa linguagem e os nossos critérios corresponderem aos partilhados por este público, é normalmente bem recebida e apreciada por ele. Por outro lado, quando se encontra um público heterogéneo, será mais difícil adaptar o seu discurso ao interesse geral desse público.

Identificar os pontos de ligação: Tendo em conta que o público homogéneo apresenta poucas dificuldades para ser abordado a partir de um discurso que agrade aos seus interesses, vamos centrar-nos no público heterogéneo.

Quando preparamos uma apresentação que procura comunicar ideias relacionadas com os interesses dos presentes, é importante que saibamos identificar os pontos de ligação. Um ponto de ligação é um elemento, uma ideia, um gosto, uma opinião ou um interesse que é partilhado por toda a audiência, independentemente de existirem posições contraditórias em relação a outros aspectos. Quanto mais ligações gerar, maior será o impacto da sua mensagem junto do público em geral.

Isto não quer dizer que se deva comunicar sempre ideias com as quais todos concordam. Em muitos casos, o orador funciona como um comunicador disruptivo, apresentando argumentos que incentivam as pessoas a pensar e a questionar aquilo em que acreditam firmemente. O importante é saber qual será o efeito da sua mensagem quando assume uma determinada posição. Cabe-lhe então a si, com a informação certa, escolher as reacções que quer provocar no seu público.

Não importa se quer criar pontos de ligação entre o seu público ou se simplesmente prefere ter uma opinião com a qual alguns dos presentes não concordarão: o mais importante é que tome estas decisões conscientemente e que não seja apanhado de surpresa pelas reacções do seu público.

Cumpra o que prometeu ao seu público: no ponto anterior, falámos da importância de conhecer os gostos e interesses do seu público se quiser criar ligações com ele. Este interesse deve ser satisfeito através da sua apresentação, mesmo que não tenha transmitido ideias que sejam partilhadas por todos os presentes.

Aqueles que foram à sua apresentação para conhecer os seus conhecimentos sobre um determinado assunto devem receber a mensagem para a qual escolheram ouvi-lo. Não é ético vender uma palestra como algo que não é. Sempre que se compromete a abordar um tema, deve fazê-lo da melhor forma possível.

Evite publicitar as suas apresentações com temas que não serão abordados fielmente. Não importa se, no final da sua palestra, alguns dos ouvintes acharem que o seu método está errado ou que fariam diferente. O importante é que tenha cumprido o compromisso que assumiu com o seu público.