Transcrição A técnica de «mostrar, não dizer»
Evidenciar qualidades
Um dos princípios mais poderosos da escrita persuasiva, emprestado da literatura e do cinema, é a regra de «mostrar, não dizer».
Dizer a um recrutador "sou muito trabalhador" ou "sou honesto" não tem impacto, pois são afirmações subjetivas que qualquer pessoa pode fazer sem provas.
Para ser credível e memorável, o candidato deve pintar uma imagem mental por meio de fatos que demonstrem essa qualidade, sem a necessidade de nomeá-la explicitamente.
Imaginemos que um candidato queira destacar a sua capacidade de compromisso e esforço.
Em vez de usar esses adjetivos, ele poderia descrever uma situação: "Durante o encerramento fiscal, coordenei turnos rotativos de 24 horas durante uma semana para garantir a entrega da auditoria sem erros".
Ao ler isso, o selecionador deduz automaticamente que a pessoa é trabalhadora e comprometida, e a conclusão é muito mais poderosa porque nasce da própria dedução do leitor diante das evidências apresentadas.
A evidência comportamental sempre supera a autoavaliação.
Narrativa de realizações
Cada ponto de experiência no currículo tem o potencial de ser uma micro-história que envolve emocionalmente o leitor.
Em vez de listas estáticas, as realizações podem ser estruturadas como pequenas histórias que incluem um desafio e uma resolução.
Isso gera uma conexão humana, pois o cérebro está programado para lembrar histórias muito melhor do que dados isolados.
Por exemplo, se um engenheiro quiser demonstrar a sua capacidade de resolução de problemas, não deve simplesmente colocar «Resolução de incidentes».
Seria muito mais eficaz narrar: «Diagnostiquei uma falha crítica na linha de produção que causava paragens diárias; projetei uma peça sobressalente impressa em 3D que eliminou o problema permanentemente e economizou custos de manutenção».
Essa estrutura narrativa permite que o recrutador visualize o candidato em ação, enfrentando um obstáculo real e superando-o, o que gera empatia e admiração profissional.
Contextualização
Para que a técnica de "mostrar" funcione, é necessário fornecer contexto. Uma conquista sem contexto carece de escala e relevância.
Dizer "aumentei as vendas" é vago; dizer "Aumentei as vendas num mercado em recessão e com um orçamento de marketing reduzido pela metade" confere à conquista um caráter heróico.
O contexto ajuda a dimensionar a dificuldade da tarefa. Se um profissional de recursos humanos diz que «contratou 10 pessoas», é um dado frio.
Se contextualizar dizendo que «preencheu 10 vagas de perfis tecnológicos altamente especializados num prazo de 15 dias para o lançamento urgente de um produto», a conquista ganha um valor imenso.
Fornecer detalhes sobre as limitações, os prazos apertados, a falta de recursos ou a complexidade do ambiente permite que o recrutador aprecie a verdadeira magnitude das capacidades do candidato.
Resumo
Afirmar qualidades subjetivas não tem impacto se não forem acompanhadas de provas reais. O candidato deve pintar uma imagem mental através de fatos que demonstrem essa qualidade, permitindo que o recrutador deduza a competência por si mesmo.
Estruturar as conquistas como pequenas histórias com um desafio e uma resolução gera uma conexão humana. Essa narrativa permite visualizar o candidato em ação superando obstáculos, o que é mais memorável do que dados isolados.
É necessário fornecer contexto para que as conquistas tenham escala e relevância real. Detalhar as limitações, prazos ou a complexidade do ambiente permite avaliar a verdadeira magnitude e dificuldade das capacidades do candidato.
a tecnica de mostrar nao dizer