Combinações de cores (ii)

Nesta apresentação, vamos conhecer algumas das principais harmonias que podem ser utilizadas para conseguir um espaço interior funcional e esteticamente agradável através da cor, e daremos algumas recomendações para que possa aprender a selecionar as cores adequadas para uma divisão.

Na apresentação anterior, fizemos referência ao círculo cromático, uma ferramenta que nos permitirá compreender melhor as harmonias e os contrastes que iremos explicar hoje. Também aprendemos que três cores - uma dominante, uma tónica e uma mediadora - são suficientes para conseguir uma decoração de interiores bem sucedida.

Tipos de harmonias

• As harmonias monocromáticas são muito fáceis de conseguir, uma vez que são formadas pela combinação de tons claros, médios e escuros de uma única cor. Permitem ainda a inclusão de algum pormenor - almofadas, quadros, plantas, etc. - noutra cor contrastante. É de notar que a sua utilização em salas muito grandes pode ser monótona.
• As harmonias de cores análogas são criadas através da utilização de cores próximas umas das outras no círculo cromático, pelo que têm sempre alguma caraterística em comum. Para evitar a monotonia e o cansaço visual, também é possível incluir - como no tipo anterior - algum pormenor noutra cor contrastante. A cor dominante neste tipo de harmonia deve ser a que se encontra no centro das cores selecionadas no círculo cromático.
• As harmonias de cores relacionadas são aquelas que se obtêm através da utilização de cores que têm um pigmento comum na sua composição. Por exemplo, se a cor chave for o azul, devem ser incluídos na composição amarelos, verdes, violetas e outras cores com tons azulados. As harmonias de cores relacionadas podem incluir cores que estão muito afastadas no círculo cromático.
• As harmonias de cores complementares são conseguidas através da utilização de cores que se encontram em sítios opostos na roda cromática. Estas harmonias têm como objetivo obter contrastes mais ou menos intensos. Os contrastes mais intensos são obtidos quando se utilizam cores puras. Os contrastes podem ser atenuados pela adição de preto ou branco a uma das cores.
• As harmonias de cores complementares vizinhas são obtidas através da utilização de cores que se encontram ao lado da cor complementar direta. Estas harmonias permitem obter contrastes menos intensos do que as anteriores.
• As harmonias de tons quentes e frios são obtidas através da combinação de cores que têm propriedades de temperatura comuns ou contrastantes.

As cores quentes - avermelhadas, laranja e amarelo - são estimulantes; as cores frias - esverdeadas, azuis, violetas - são relaxantes.

O grau de calor ou de frescura de uma cor pode ser gerido através de misturas, por exemplo: um verde azulado pode ser mais frio do que um verde puro, enquanto um verde amarelado é percepcionado como mais quente.

Recomendações para a seleção das cores de uma divisão

• Valorizar os critérios do cliente, tendo em conta as suas necessidades, gostos e personalidade. O decorador deve ter em conta que, para satisfazer as necessidades e os gostos do cliente, a primeira coisa que tem de fazer é saber realmente o que ele quer; porque, embora os clientes atribuam cores às paredes e aos acessórios afirmando estar muito seguros do que querem, a maior parte deles não tem a capacidade de imaginar o resultado final, pelo que, depois de o trabalho estar concluído, ficam desiludidos, embora por vezes não o demonstrem.

  Estes erros podem ser evitados se o decorador dedicar o tempo necessário para aconselhar o cliente. Para ser bem sucedido nesta tarefa, é essencial que o profissional, utilizando programas informáticos 3D, mostre as diferentes variantes das suas propostas e ouça atentamente os critérios do cliente, pois esta é a chave para interpretar o que o cliente realmente pretende. Este método é muito mais eficaz quando é praticado mais do que uma vez.

• Avaliar como podemos melhorar a perceção das formas e das dimensões do espaço interior através da utilização das cores.

  Lembre-se que, quando o espaço é demasiado pequeno, para aumentar as suas dimensões aparentes, devem ser utilizadas cores claras com tons frios - azul, verde ou cinzento -; estas cores são percepcionadas mais longe, fazendo com que a divisão pareça maior.

  Inversamente, para criar a ilusão de uma divisão mais pequena, devem ser utilizados tons quentes, escuros e saturados; estas cores são percepcionadas mais próximas, fazendo com que a divisão pareça mais pequena.

• Não se esqueça de que as cores devem ser favoráveis ao desenvolvimento das diferentes tarefas que serão realizadas nos diferentes espaços: os halls de entrada requerem tons quentes, que transmitem confiança e segurança ao visitante; no entanto, nas salas de estar e de jantar, as cores quentes e frias podem ser combinadas para criar uma atmosfera equilibrada, que não irrite nem aborreça quem nelas permanece durante muito tempo.

  Por outro lado, as cozinhas devem ter cores luminosas que permitam uma melhor visualização; no entanto, ao selecionar as cores da casa de banho, devemos ter em conta os hábitos dos clientes, uma vez que alguns a concebem como uma área de relaxamento - onde as cores menos luminosas seriam apropriadas -, enquanto outros passam por ela com pressa e, por isso, exigem cores mais brilhantes.

• Avaliar as possíveis alterações de cor dos objectos devido aos efeitos da luz. Tanto a luz natural como a artificial sofrem variações de tonalidades que interagem com as cores, provocando variações importantes na forma como são percepcionadas. Todas as luzes artificiais utilizadas não têm um espetro equilibrado, por exemplo: alguns tipos de lâmpadas fluorescentes emitem uma luz fria; por outro lado, as velas e as lâmpadas incandescentes, utilizadas para reforçar alguns ambientes, emitem uma luz quente.

  A quantidade e o tipo de luz natural que uma divisão recebe também devem ser tidos em conta, uma vez que, dependendo dos materiais e da localização das portas e janelas, receberá mais ou menos luz ao longo do dia e dar-nos-á uma sensação mais ou menos quente. Por exemplo: a luz das últimas horas do dia é geralmente percepcionada como mais quente do que a luz do amanhecer.